segunda-feira, 19 de março de 2012

FORÇA DA NATUREZA


António Leitão comanda os 5000 metros
                       Medalha de bronze,
                       Em Los Angeles 1984

Foi força da natureza
O bravo António Leitão
Travou lutas com firmeza
E tornou-se campeão.

Desde a sua meninice
Deu às pernas com destreza
Sem nenhuma malandrice
Foi força da natureza.

Foi atleta com denodo
E com grande coração
Nunca deu nenhum incómodo
O bravo António Leitão.

Nos seus treinos foi leal
Tinha sempre uma certeza
Com ninguém conviveu mal
Travou lutas com firmeza.

Com carácter influente
Representou a selecção
Fez desporto dignamente
E tornou-se campeão.

Grande exemplo foi p’ ra nós
Este atleta de eleição
Passou pela vida veloz
Mas tornou-se campeão!


Frassino Machado
                                               In RODA VIVA

quinta-feira, 15 de março de 2012

UM FLAXE DE MIM


A ESCRITA É  MINHA SINA !

Eu trabalho por paixão
de manhã até à noite
‘screvo sempre com razão,
tanto eu a tenha ou não,
desde qu’ a alma s’ afoite.

Porque este mundo é sacana
dar-lhe-ei bem forte e feio
pois com jeito à fartazana
pautarei por vida humana
ser também sacana e meio.

D’ experiência e saber feito
é a minha proposição
e não quero ter direito
d’ usufruir algum proveito
sem que seja justo ou não. 

Meu cálamo é confidente
de um trilho cavado fundo
sou feliz por entre gente
que lança a sua semente
aos quatro cantos do mundo.

Sempre fui feito de sonho
nunca quis outro avatar
mesmo em evento medonho
jamais me viram tristonho
mas, ao contrário, a cantar.

Se tenho falhas ou não
nem m’ acrescenta nem corta
pois negá-lo é presunção
e afirmá-lo é sempre em vão
logo, já pouco m’ importa.

Já está tudo descoberto
do qu’ havia a descobrir
mas duma coisa ‘stou certo
de ser feliz ‘stá bem perto
quem já aprendeu a sorrir!


Frassino Machado
In AO CORRER DA PENA 


terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

DE ÁGUIA AO PEITO


O meu sentir é voar


Por ter sido de Águia ao peito
Frui  a  minha ocasião
Fazer corte não é meu jeito
Nesta efémera ilusão.

Em certo tempo remoto
Sem descuido nem defeito
Prestei um culto devoto
Por ter sido de Águia ao peito.

Minha paixão foi correr
Em popular reinação
Por vontade ou por dever
Frui a minha ocasião.

Pouco ganhei todavia
E perdi neste meu preito
Agora, com galhardia,
Fazer corte não é meu jeito.

Triste saga e desengano
Antes que perca a lição
Não suporto ter mais dano
Nesta efémera ilusão.

Não quero neste reparo
Desprezar tarefa inglória
Sonhar alto é um bem raro
Que dá lustre à memória.


Frassino Machado
In CINZAS DO MEU PASSADO