quarta-feira, 22 de julho de 2015

DO "ESTADO DA NAÇÃO" AO ESTADO DO PARLAMENTO



Bem proclama o Anfitrião
Na casa da democracia…
Neste estado da Nação
Cresce a douta hipocrisia.

Dão-lhe nome Parlamento
Mas parece contradição…
Palavras, leva-as o vento,
Bem proclama o Anfitrião.

Haver pecados mortais
É o pão-nosso de cada dia…
Dizem sete, mas há mais,
Na casa da democracia.

Proclamam-se as dez pragas
Passadas de mão em mão…
Não há cabeças mas fragas
Neste estado da Nação.

Falar de coisas concretas
Provoca, quem sabe, azia
No rol de falsos profetas
Cresce a douta hipocrisia.

Palavras sem condimento
Com ideias nada sensatas
Denunciam no Parlamento
Haver falsos democratas.

O começo, que era o debate
Sobre a Nação ao momento,
Mostrou afinal um combate
Sobre o estado do Parlamento!

Frassino Machado
In RODA-VIVA POESIA



O REGRESSO DE PLUTÃO



Ó que grande novidade
No reino da Plutocracia
Plutão desceu à cidade
E acabou-se a fantasia.

Afinal não é segredo
Pois já se sabe a verdade
Existe o poder e o medo,
Ó que grande novidade.

O poder de haver riqueza
Para alguns, o que é magia,
Mas há medo sobre a mesa
No reino da Plutocracia.

Medo, só para a maioria
Que vive na exiguidade,
Para poucos, com cortesia,
Plutão desceu à cidade.

Num trono de feiticeiro
Há riqueza em demasia,
Os pobres façam mealheiro
E acabou-se a fantasia.

Plutão é vida e é sinal
A história já demonstrou
E agora, porque é global,
Por isso mesmo regressou.

Regressou para reinar,
Não pra fazer desatino,
Mas, sim, para realizar
O seu original destino.

Plutão tem forte combate
Em todo o seu horizonte
Navegar co´ engenho e arte
Na barcaça de Caronte.

Salve-se assim quem puder,
Nos cruzamentos da vida,
Algum talento a crescer
Fará colheita renascida!

Frassino Machado
In AO CORRER DA PENA


terça-feira, 12 de maio de 2015

ODISSEIA DOS POVOS




Desde os primórdios da história
No princípio do pensamento
Cresceu de uma forma notória
O humano desenvolvimento.

Brilhou uma luz na inteligência
A civilização criou memória
E a cultura fez-se a essência
Desde os primórdios da história.

Pela força da imaginação
À chuva, ao frio, ao calor e ao vento
Surgiu a obra da criação
No princípio do pensamento.

O género humano em deriva
Tornou-se espécie meritória
E a sua experiência criativa
Cresceu de uma forma notória.

Surgiram no mundo os valores
Para que houvesse entendimento
Mas regrediu, entre favores,
O humano desenvolvimento.

Por interesses de sustentação
Cresceu a força do haver
E na lógica da ambição
Nasceu o império do poder.

Cada povo inventou o Estado
E o Estado dominou os povos
E na incultura do seu legado
Ressurgiram horizontes novos.

Há povos que ficaram fortes
A maior parte subjugados
Por não terem as mesmas sortes
Que tiveram os predestinados.

Os fortes emergem ao de cima
Oscilando ao sabor da aragem
E os fracos, por não terem estima,
Não têm estofo nem bagagem.

Em todos os combates e dilemas
Desnudam-se logo as paixões
Com ardis e estrategemas
Que dão grandeza às emoções.

Por estas razões é qu´ há guerras
P´ ra disputa de territórios
Não há nem más nem boas terras
Há apenas céus e purgatórios.

Mas se há povos que vão ao fundo
É por incúria dos governantes.
E tudo vai assim neste mundo:
Uns são heróis e outros farsantes! 

Frassino Machado
In MUSA VIAJANTE


terça-feira, 16 de setembro de 2014

APOCALIPSE NA AMÉRICA


                            “Memorial 11 de Setembro”

Tempus, o mores, oh quantos horrores
Ondulam, sem que não grite ninguém.
Riem favores com seus desamores
Riem as feras com tantas quimeras
E o bicho homem as chamas consomem
Se houver deveras quem lhe faça esperas…

Grandes esperanças, ilusões e danças
Encenam prendas, desertos, prebendas,
Males e andanças em poucas pujanças.
E o ser humano, sem alma, tirano
Abre nas sendas, tragédias tremendas,
Sereno e ufano em si ano após ano!

Oh, quantas torres destruirão senhores?
Oh, quantas flores sem gémeos e amores?

Frassino Machado
In RODA-VIVA POESIA

segunda-feira, 19 de março de 2012

FORÇA DA NATUREZA


António Leitão comanda os 5000 metros
                       Medalha de bronze,
                       Em Los Angeles 1984

Foi força da natureza
O bravo António Leitão
Travou lutas com firmeza
E tornou-se campeão.

Desde a sua meninice
Deu às pernas com destreza
Sem nenhuma malandrice
Foi força da natureza.

Foi atleta com denodo
E com grande coração
Nunca deu nenhum incómodo
O bravo António Leitão.

Nos seus treinos foi leal
Tinha sempre uma certeza
Com ninguém conviveu mal
Travou lutas com firmeza.

Com carácter influente
Representou a selecção
Fez desporto dignamente
E tornou-se campeão.

Grande exemplo foi p’ ra nós
Este atleta de eleição
Passou pela vida veloz
Mas tornou-se campeão!


Frassino Machado
                                               In RODA VIVA

quinta-feira, 15 de março de 2012

UM FLAXE DE MIM


A ESCRITA É  MINHA SINA !

Eu trabalho por paixão
de manhã até à noite
‘screvo sempre com razão,
tanto eu a tenha ou não,
desde qu’ a alma s’ afoite.

Porque este mundo é sacana
dar-lhe-ei bem forte e feio
pois com jeito à fartazana
pautarei por vida humana
ser também sacana e meio.

D’ experiência e saber feito
é a minha proposição
e não quero ter direito
d’ usufruir algum proveito
sem que seja justo ou não. 

Meu cálamo é confidente
de um trilho cavado fundo
sou feliz por entre gente
que lança a sua semente
aos quatro cantos do mundo.

Sempre fui feito de sonho
nunca quis outro avatar
mesmo em evento medonho
jamais me viram tristonho
mas, ao contrário, a cantar.

Se tenho falhas ou não
nem m’ acrescenta nem corta
pois negá-lo é presunção
e afirmá-lo é sempre em vão
logo, já pouco m’ importa.

Já está tudo descoberto
do qu’ havia a descobrir
mas duma coisa ‘stou certo
de ser feliz ‘stá bem perto
quem já aprendeu a sorrir!


Frassino Machado
In AO CORRER DA PENA 


terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

DE ÁGUIA AO PEITO


O meu sentir é voar


Por ter sido de Águia ao peito
Frui  a  minha ocasião
Fazer corte não é meu jeito
Nesta efémera ilusão.

Em certo tempo remoto
Sem descuido nem defeito
Prestei um culto devoto
Por ter sido de Águia ao peito.

Minha paixão foi correr
Em popular reinação
Por vontade ou por dever
Frui a minha ocasião.

Pouco ganhei todavia
E perdi neste meu preito
Agora, com galhardia,
Fazer corte não é meu jeito.

Triste saga e desengano
Antes que perca a lição
Não suporto ter mais dano
Nesta efémera ilusão.

Não quero neste reparo
Desprezar tarefa inglória
Sonhar alto é um bem raro
Que dá lustre à memória.


Frassino Machado
In CINZAS DO MEU PASSADO